segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Aprender a desaprender

Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.

Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito "sabe-tudo". Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?

As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.

Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia,é melhor acreditar no poder da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os dias passam cheios de oportunidades.

A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida.

Basta desaprender o receio de mudar.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O andar do bêbado. O acaso, cervejas e muita sorte... Uma reflexão para todos.

Você é homem, americano, branco, heterossexual e não usa drogas. Corre o ano de 1989. Faz um exame de sangue, desses descompromissados e, após alguns dias, recebe a notícia: HIV positivo. O médico sente muito, mas a morte é inevitável. Se quiser, você pode fazer outro exame, mas a chance de que não esteja contaminado é bem pequena: uma em mil.

Aconteceu com Leonard Mlodinow, físico do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) que já havia escrito o livro "Uma Nova História do Tempo" com Stephen Hawking. "É difícil descrever (...) como passei aquele fim-de-semana; digamos apenas que não fui à Disneylândia", escreve em "O Andar do Bêbado", seu novo livro, recém-lançado no Brasil.

Talvez o médico de Mlodinow fosse ótimo. Mas não serviria como estatístico.

Isso porque, em 1989, nos EUA, uma em cada 10 mil pessoas nas condições citadas estava infectada pelo HIV. Imagine que essas 10 mil fizessem exames. O único soropositivo receberia, possivelmente, uma notícia ruim. Mas, como um em cada mil exames dá o resultado errado, dez pessoas saudáveis também a receberiam.

Ou seja, nessas condições, de cada 11 pessoas que recebiam o veredicto "HIV positivo", apenas uma realmente estava contaminada. A porcentagem de "falsos positivos" é dez vezes maior que a de "verdadeiros positivos". Faria, então, mais sentido que Mlodinow não deixasse de ir à Disneylândia. No final, soube que não tinha HIV.

Mas dificuldades com probabilidades não são exclusividade do médico de Mlodinow. Humanos desprezam a presença do aleatório nas suas vidas - nossos cérebros são programados para achar padrões, mesmo quando não existem.

Isso vai desde coisas evidentemente desprovidas de sentido (como usar uma mesma meia velha em jogos do Brasil) até situações mais sérias.


Jegue estabanado

Nesse sentido, é muito comum considerar que sucessos ou fracassos são resultado exclusivamente da nossa competência. Em boa medida são, claro, mas quanta aleatoriedade está envolvida nisso?

Jogadores, vendedores, homens atrás de mulheres nas festas. Quase todas as atividades humanas estão sujeitas ao acaso. Os resultados se distribuem ao redor de uma média (alta, para quem é competente), mas existem dias bons (quando o centroavante faz três gols e se consagra) e dias ruins (quando o "pegador" volta pra casa sozinho).

Mas isso vale também para o mercado financeiro, por exemplo. Será que os investidores que ganham milhões na bolsa o fazem porque são competentes ou porque, em uma série determinada de anos, tiveram mais sorte -fazendo escolhas tão "chutadas" quanto muitos que tiveram menos sucesso?

Como exemplo, Mlodinow conta a história de Daniel Kahneman, psicólogo que em 2002 ganhou o Nobel de Economia. Como não se escolhe trabalho no começo da carreira, ele foi, nos anos 1960, ensinar aos instrutores da Aeronáutica israelense que recompensar funciona melhor do que punir erros.

Foi interrompido por um dos instrutores que o ouvia. Ele dizia que muitas vezes elogiou a manobra de um aluno e, na vez seguinte, o sujeito se saiu muito pior. E que, quando gritou com a besta que havia quase acabado de destruir o avião, ela melhorava em seguida. Os outros instrutores concordaram.

Estariam os psicólogos errados? Kahneman concluiu que não. Apenas que a experiência dos instrutores estava relacionada com a probabilidade.

A ideia dele era que os aprendizes melhoram a sua capacidade aos poucos, e isso não é perceptível entre uma manobra e outra. Qualquer voo perfeito ou qualquer pouso que leve embora meio aeroporto junto são questões pontuais, desvios da média. Na próxima tentativa, é alta a chance de que se retorne ao "padrão" central -nem fantástico, nem desastroso.

Então, diz Mlodinow, quando os instrutores elogiavam uma performance impecável, tinham a impressão de que, em seguida, o aluno piorava. Já se ele, digamos, esquecia de baixar o trem de pouso e escutava um grito de "seu jegue estabanado", na próxima melhorava.

A pergunta por trás do livro é até que ponto não nos deixamos enganar por desvios da média como sinais de competência extrema ou de falta de aptidão para a vida. Quando um ator é descoberto de repente, após anos de fracasso, como Bruce Willis, ou quando alguém ganha muito dinheiro em poucos anos, como Bill Gates, qual foi a importância de estar no lugar certo, na hora certa? O andar do bêbado, sem direção consciente, acaba sendo uma ótima metáfora para os caminhos que tomamos na vida.

Ricardo Mioto

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O QUE HÁ

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

terça-feira, 6 de julho de 2010

Eu adoro voar...

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.

Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.


Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!




Clarice Lispector

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!
 
Pedro Bial

domingo, 20 de junho de 2010

Antes que elas cresçam


Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. 

E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.
Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.

Affonso Romano de Sant'Anna

"No início, os filhos amam os pais.
Depois de um certo tempo, passam a julgá-los.
Raramente ou quase nunca os perdoam."

Oscar Wilde

terça-feira, 15 de junho de 2010


"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."

 Machado de Assis

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A alma sublima às experiências...

Cada coisa um lugar, cada coisa um tempo.
Encontros e desencontros acontecem em um só instante, onde o Eu se perde em indagações que vagam na eternidade.
É preciso sangue e dor, onde a culpa não deve prosperar e assim, o amor reencontrar.
Lutas e confrontos aqui e acolá. O dia, ainda vai chegar, onde cada coisa permanecerá imersa de tanto se assimilar.
Através da caridade, onde muitos só irão admirar; muitos só irão charlatanizar; muitos só irão criticar; muitos só irão...
Poucos não só irão perseverar, como também multiplicar.
Raros irão profetizar.
Aquele que tiver fé, apenas entenderá a solidão quando refletir o que é estar na carne, pois o que é do corpo, é do corpo. O que é do espírito, é do espírito.
Longe de querer ludibriar a crença alheia. Perto de querer acender a luz da candeia.
Alumiar o que já é alumiado por natureza, mas que ninguém enxerga quando o pão está na mesa. Ceia farta, coração vazio. O que será feito do joio e do trigo?
O fermento faz a massa crescer, mas não é o suficiente para a alma enobrecer.
A terra, só fruto pode dar, mas o que o homem dela fará?
Eis aquele que liberta, eis aquele que apenas trafega.
Segura na mão de quem precisa, pois só assim, encontrará todas as respostas dessa e de outras vidas.
Na escuridão, tua luz é teu guia. Caminha com Preto Velho e a todos alumia! Na Bahia aprendi a bater tambor, com aquela negra que aqui chegou. Hoje, só bato tambor quando a coisa é séria ou então pra saravá Vovó Catarina, essa amada Velha!
Dizem que eu sou o Senhor dos Caminhos e que faço morada na beira da praia. Sou apenas um baiano de Ogum Beira-Mar que agora vai partir com a sua jangada.
Pra vocês, deixo a água do côco, mas o côco eu levo. Vou continuar plantando côco, eu não nego!
Um dia, eu volto pra saber o que foi feito da água, por isso não se afoguem na beira da praia!
Salve Nossa Senhora dos Navegantes!
Salve meu Senhor do Bonfim!

João Baiano ou João Beira-Mar, me chama da forma que quiser me chamar...

domingo, 6 de junho de 2010

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Mário Quintana

sábado, 8 de maio de 2010

Dia da Vitória - 08 de maio

Neste sábado, 8 de maio, o mundo comemora mais um feito para a humanidade: o dia em que as nações aliadas venceram o nazi-fascismo na II Guerra Mundial. É o chamado Dia da Vitória.
Uniram-se países em defesa da liberdade.
Uniram-se as sociedades para viverem livres e soberanas. Somaram esforços as nações democráticas do mundo.
Uniram-se cidadãos comuns, políticos, diplomatas e forças armadas de diferentes países.

Tempos difíceis aqueles! Pagaram alto preço pela existência com o direito à dignidade de viver.
Nossos marinheiros, soldados e aviadores, com exemplar espírito de sacrifício, partilharam o horror da guerra.
Ombrearam, corajosos e eficientes, fortes, disciplinados e destemidos, com os melhores combatentes de todas as Forças Aliadas.

Retornaram vitoriosos.

O mundo já não seria o mesmo. O conflito mundial influíra no curso da História das civilizações e do Brasil.
Trouxeram na alma, além da alegria da comemoração do regresso, as marcas da indesejável guerra.
Mas trouxeram, também, no coração e na mente, o reaceso entusiasmo pela democracia.
Como representantes armados de nossa pacífica sociedade, Marinha, Exército e Aeronáutica permanecem atentos e prontos, moral, cívica e tecnicamente, para cumprirem a nobre, necessária e intransferível missão constitucional de Defesa da Pátria brasileira.

Percorreram os árduos caminhos da luta.
Derrotaram o inimigo.
Celebraram a paz.

O Dia da Vitória confirma que não se renuncia à luta quando só ela pode restabelecer o equilíbrio e conquistar a paz.

Não se desprezam impunemente as armas quando elas são a última razão entendida pelos que desprezam a liberdade e amesquinham a segurança nacional.

TARDE DE MAIO

Como esses primitivos que carregam por toda parte o maxilar inferior de
seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não-perceptível, e tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh'alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza sem fruto.


Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto, e passa...
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.


Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.

E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.
Não há nunca testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muitos.
Quem reconhece o drama, quando se precipita sem máscaras?
Se morro de amor, todos o ignoram e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.

O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.



Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Aniversário - Poema de Fernando Pessoa

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.

Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.

O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.

Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Há Momentos

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.


Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.


As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.


A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.


O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Milho em Pipoca






A transformação do milho duro em pipoca macia é o símbolo da grande transformação pela qual devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Sem o poder do fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações só acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Sem que elas percebam acham que o seu jeito de ser é o melhor.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca fechada dentro da panela , vai ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesmo, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: PUM! - e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca de milho que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

 
Rubem Alves - Do livro "O Amor que acende a lua" - Ed. Papiros

domingo, 11 de abril de 2010

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mário Quintana

sábado, 3 de abril de 2010

Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele.


                                                         Jean de La Fontaine

sexta-feira, 26 de março de 2010

Aceitação e Compreensão

Quando nos encontramos em uma situação que nos aflige muitas vezes buscamos compreender todas as facetas do ocorrido, analisando as pessoas envolvidas, as atitudes tomadas, o comportamento permitido ou omitido, os sentimentos gerados e as marcas causadas, para que a um determinado tempo a dolorosa situação possa ser de fato assimilada e aceita.

E como fazemos isso! Remoemos frases ditas e pensadas, relembramos acontecimentos e atitudes que fizeram com que tudo desembocasse no lamentável acontecimento, nos culpamos, culpamos os outros, mergulhamos compulsivamente em flashbacks aqui e acolá, tudo para produzir uma centelha sequer que nos ilumine na compreensão do porque aquilo aconteceu conosco.

Sofremos, choramos, sentimo-nos perdidos, desiludidos, fracos, derrotados, decepcionados. Queremos respostas imediatas, soluções mágicas, que sejam capazes de nos libertar da tortura da dor de um coração dilacerado. Queremos colo, queremos diálogo, queremos a réplica, a tréplica. Queremos entender e compreender cada segundo do que aconteceu, do que passou, do que foi gerado em nós e nos outros.
Marcas que se vão e que permanecem em nós para sempre. Relacionamentos que se desfazem, que se abalam e que são questionados. Pessoas que saem e que entram na nossa vida num piscar de olhos. Sentimentos confusos, misturados, desorganizados, gerando insatisfação com o tempo e o espaço. Uma estranheza com a própria pele.

É duro! É triste! Não é fácil! Mas é preciso enfrentar o espelho. É preciso o olhos nos olhos para que a coragem e a esperança voltem a brotar dentro de cada um de nós.
Buscar a compreensão e o entendimento de tudo o que nos acontece na vida, para em seguida alcançarmos a aceitação, parece-nos o caminho mais lógico e racional. Entretanto, ouso dizer, depois de muito me torturar por situações passadas, que existem situações na vida, nas quais é preciso primeiro aceitar, para só então conquistarmos a compreensão e o entendimento de determinado fato.
Por mais difícil que possa parecer e ser, muitas vezes, bucar a aceitação de um acontecimento antes mesmo de compreendê-lo, se torna um alívio imenso para a nossa saúde física, mental, emocional e espiritual. Nessas horas, a aceitação surge como um grande livro diante dos olhos, no qual encontraremos os ensinamentos que precisam ser aprendidos em decorrência deste ou daquele acontecimento, que tanto nos provou, nos magoou e nos machucou.
E uma coisa é certa, os ensinamentos adquiridos em decorrência dos erros, das dores e das mágoas, se tornam de fato inesquecíveis, pois fortalecem toda a nossa estrutura.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Nem ela aguenta!!!!

Vale a reflexão...

Revolta da mulher moderna

"São 7h. h despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou tão cansada, não queria ter que trabalhar hoje. Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música,cantarolando, até. Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas.

Aquário? Olhando os peixinhos nadarem. Espaço? Fazendo alongamento. Leite condensado? Brigadeiro...

Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar. Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela.

Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha (desgraçada) qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço!" Que espaço, minha filha? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo ao seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?

Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz. Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendode deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda. Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei. Por quê, me digam por quê um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava a cara que isso não ia dar certo.

Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar,passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios usar. Que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas.

Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias,depiladas, sorridentes,cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especificações (uffffffff!!)...

Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles. Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço? Chega! Eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 7:30h, tenho que levantar!) e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz uma dose de café, por favor?", descobri que nasci para servir.

Vocês pensam que eu to ironizando? To falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna....Troco pelo de Amélia, alguém se habilita?"

(Autoria desconhecida)

Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher foi criado em homenagem a 129 operárias que morreram queimadas numa ação da polícia para conter uma manifestação numa fábrica de tecidos. Essas mulheres estavam pedindo a diminuição da jornada de trabalho de 14 para 10 horas por dia e o direito à licença-maternidade. Isso aconteceu em 8 de março de 1857, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Em 1910, na primeira conferência internacional sobre a mulher realizado no dia 8 de março, que foi declarado Dia Internacional da Mulher. No ano seguinte mais de um milhão de pessoas celebraram a data em alguns países da Europa.

Em 1911, pela primeira vez, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Foi neste dia que Nasceu uma grande personagem da história do Brasil. Maria Bonita, ou Maria Gomes de Oliveira. Ela foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. É lembrada como mulher de outro célebre personagem brasileiro: Lampião, o mais conhecido dos cangaceiros brasileiros.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas.

Rainer Maria Rilke

sábado, 9 de janeiro de 2010



Aproveite ao máximo os dias  de sol!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo!!!!!!!!!!!!!



RECEITA DE ANO NOVO



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade